sexta-feira, 25 de abril de 2008

Uau!!! Uma Kylie Minogue negra está abalando Londres. Mas o que isso significa?


...Foi bem assim, sem exagero algum que meu amigo véio de guerra, Emerson Zanette (mezzo brasileiro, mezzo italiano, passaporte vermelho em mãos e residência em Londres agora), se referiu a Estelle. Pra me convencer a dar uma olhada no trabalho da moça no youtube ele acrescentou: “...meu amigo Juan disse que ela é uma Kylie Minogue negra. Vê se você concorda...”
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A Kylie Minogue original é loira, australiana, uma das amiguinhas de Madonna. Cantora desde os tempos da Acid House, Kylie passou pelos 80 com suas melodias açucaradas, ainda “ídola” adolescente. Depois veio o namoro com Michael Hutchence, aquele vocalista da banda INXS que se suicidou de maneira estranhíssima num quarto de hotel. Nos 90, a moça se reinventou e já nos 2000 estourou novamente, virou cult, musa fashion, musa do eletro e isso basta. Recentemente Kylie enfrentou um câncer de mama e superou.
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Se isso ainda parece pouco, é bom e lembrar que ela é considerada a mulher mais sexy do planeta numa destas eleições de revistas sem mais nada pra fazer (ai meu Deus, quando penso que milhares de arvorezinhas morrem, viram papel e vem alguém e escreve tanta m....)
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Fato é que Kylie Minogue é uma mulher interessante além de linda. Minha amiga Neide tá apaixonada por ela desde que assistiu o show e viu as reverências de Madonna na fila do gargarejo. Já faz algum tempo que ela só fala de Kylie, kylie, Kylie...
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(Em tempo, "Slow" é uma das músicas que mais gosto dela: sexy, cool, inebriante...)
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Aí, Emerson diz que Estelle é a sua versão negra....Claro, fui conferir. “Ela só não estorou aí porque ainda não bombou nos EUA”, me disse ele. “E toca aqui nas baladas gays, nas baladas black, em lugares e festas de pessoas interessantes...”.
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Ok, conferi a moça no http://www.youtube.com/watch?v=2IY5ILcKF3A. Gostei de cara do clipe "American Boy", faixa que há horas tá no topo da parada britãnica, luxo total. Bem melódica, agradável e moderna....Nesse clipe Estelle canta com o americano Kayne West, que segundo Ots, meu amigo da Casa Verde que entende tudo de hip hop, “é o segundo melhor rapper da atualidade – só perde para o Ludacris”. O visual também é bem fashion. Quero ouvir mais da moça. Achei bem original e bacana o trabalho dela. Mas também quero ouvir e ver mais até pra entender o que o Juan quis dizer exatamente com “Kylie Minogue negra”.
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Mais uma coisinha: o canceriano Emerson, antenadíssimo, é um dos vértices de um triângulo incrível no blogspot. No endereço www.san-ba-lon.blogspot.com, ele manda notícias quentíssimas de Londres, enquanto Ana Kátia (não menos antenadíssima) atualiza os babados de São Paulo, e Helô, os de Buenos Aires. Entendeu né?!!! san , de sampa (rsrsrsrs); ba, de Buenos Aires, lon, de Londres. Vai lá conferir. É um dos meus endereços favoritos. E, sim, se eles não fossem o que são, podeiam abrir uma tenda holística com consultas sobre o futuro (rsrsrsrsrsrsrsrs...)

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sobre HIV, minha falta de intimidade com o café, a "beleza real", a morte e outras coisas que me decepcionam


Hoje foi um dia de agenda lotada. Manhã, tarde e noite repletos de eventos. Havia me comprometido e, como não gosto de passar por tratante, fui conferir as novidades.
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Primeiro, lançamento de café pela manhã na Nespresso. Cheguei perto do meio dia na lojinha que fica ali no jardins. Superagradável, uma recepcionista negra, linda, num vestido Neon incrível logo à entrada.
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Nem sou muito fã de uma das bebidas mais consumidas pelos brasileiros. Descobri que só ficamos atrás dos norte-americanos em matéria de consumo. A situação, segundo os especialistas que estavam lá, deve ser alterada na próxima meia década. Chegaremos ao topo e seremos os maiores beberrões de café do planeta. Ok, pelo menos café não é alcoólico.
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Goroka, o café de edição limitada,original da Papua Nova Guiné, tem sabor frutado. Provei e confesso que realmente gostei. O problema foi ter que descrever o sabor na pequena roda de experts que me ladeavam.
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Também gosto de vinho; de beber vinho; de ficar leve com o vinho e revelar minhas verdades com a bebida de Baco. Mas não sei a diferença entre um cabernet sauvignon e um chardonnay. Já bebi até vinho barato que me deu barato rsrsrsrsrs.
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Muitas vezes pensei em fazer um curso já que (virou hype) quase todo mundo bem informado tem de saber algo sobre vinhos. Pra mim, parece um tanto esnobe; coisa de quem está tentando entrar na lista dos ultrapassados metrossexuais. Pra mim é bem mais simples: gosto ou não do vinho e ponto. daí continuo bebendo ou paro na primeira taça.
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Ok, me perdoem os que realmente curtem e entendem o tema. Pra estes, até indico o curso da Espaço Home (custa R$ 450 e as aulas são ministradas por Waldir Gandolfi – Presidente do Conselho da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho; informações no www.espacohome.com.br), sugestão que me chegou via e-mail de um cliente da Livia.
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Voltando ao assunto: tentem imaginar minha cara ao descrever o sabor do café, bebida que tenho ainda menos intimidade que o vinho. Respirei fundo e, como acontece nas situações que me perguntam sobre vinho, respondi: hmmmmmmmm...é suave (pausa)...tem um sabor bastante agradável (pausa)...é muito marcante (pausa)...e tem personalidade (a cereja do bolo na hora de arrematar minha ignorância no assunto)
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Deu tudo certo. A conversa foi agradável. Me despedi e saí atrasado para o lançamento de mais uma linha das sandálias Góoc no Hotel Unique. Esse capítulo realmente vale a pena e vou comentar na próxima postagem. Conheci Thai, um vietnamita que está há 29 anos no Brasil, empresário incrível; gente boa. Se nosso país tivesse mais uma dúzia de pessoas especiais assim certamente teria um outro destino.
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Próxima parada: uma casa de eventos na Vila Olímpia, onde O Boticário apresentou suas novidades para o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. Destaque para uma vela aromática que, ao derreter, transforma-se numa espécie de pomada para ser aplicada sobre a pele. Bacana né? Gostei das três sugestões: da vela, da pomada e do terceiro elemento (que fica sugerido nas entrelinhas rsrsrs)
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Pausa. Voltei pra casa. Respondi e-mails, tomei uma ducha rápida e me preparei para o derradeiro evento do dia, ops, à noite: a apresentação da coleção Rosa Chá, em parceria com a Dove, na Casa de Portugal lá na Liberdade.
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O lugar é lindo. Valeu a pena o esforço pra sair de casa depois de me ausentar violuntariamente do mundo da moda por um longo período. A supresa da noite foi ver Fernanda Montenegro, em carne e osso e voz, abrindo o desfile com um discurso a favor da “real beleza”, exaltando negras, morenas, loiras, ruivas, orientais, curvilíneas, lisos e cacheados. Ela arrasa mesmo! Prendeu a atenção de todos. E cá entre nós, ela sim é a real beleza em pessoa: charmosa, elegante, um carisma sem igual.
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A coleção é bacana. Trouxe peças com referências geométricas; cores invernais bacanas (verde militar, roxo, pele, rosa...), muitas estampas, misturou estilos, formas (construídas e desconstruídas) e comprimentos sem perder toques de sensualidade que se espera de uma marca badalada pela sua moda-praia.
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O problema é que o discurso pela “real beleza” feminina se perdeu no casting que teve uma modelo ruiva, peituda e mais gordinha, duas negras (uma delas a atriz/cantora/performer, Thalma de Freitas), uma oriental, e menos de 6 que certamente já haviam passado dos 30.
As demais, eram modelos novas e antigas, do naipe de Sabrina Gasperin e das gêmeas Bittencourt. Altas, magras, quadril 90...lindas e quase irreais.
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Tá, teve ainda a cantora (mignon) Claudia Leite , e a roteirista/apresentadora Fernanda Young, com cara de quem soltou pum - a mulher tava medonha e sofrível em cima do salto agulha. Uiiiii!!!
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Apesar do cansaço, a noite até que teria terminado bem. Tava achando graça da conversa a respeito do cachê da Fernandona para estar ali. Um diz que diz ao redor:
-Acho que ela ganhou uns 40 mil...
- 40 mil, tô dizendo, e a Cláudia Leite, 20 . Eu sei com certeza...
-Imagina gente, vocês estão malucos. Estes cachês não existem mais...As empresas já não pagam tanto assim...

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Acontece que além do blá-blá-blá sobre valores, na fila do estacionamento encontrei uma profissional do métier jornalístico de moda. Não preciso revelar nomes porque a situação a seguir me parece mais corriqueira do que se imagina. Infelizmente.
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Há pouco tempo, faleceu repentinamente, um jornalista de moda bastante conhecido. Também o conhecia, mas nunca fomos próximos, apesar de termos trabalhdo pouco tempo juntos numa publicação nacional. Certa vez chegamos a ter nossas pequenas divergências, nada que abalasse nosso tratamento formal. Morreu jovem.
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Apesar do temperamento difícil, tenho de reconhecer que seu texto, sua inquietação e
paixão pelo mundo da moda eram inquestionáveis. Além do mais, esteve em veículos importantes da área. Construiu uma carreira bacana.
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A pessoa começou com aquela cara de espanto, comentando o fato como se fosse uma novidade: “Que coisa que aconteceu com ele, tão rápido né? Ninguém tava esperando....”
Acho que intui o que viria a seguir e quis cortar o assunto. “Pois é! Não éramos próximos, mas sinto porque era uma pessoa jovem, cheia de planos”, respondi meio seco pra encerrar por ali.
Ela seguiu em frente. “Então menino...será que foi Aids?”
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Aquilo foi mais que curiosidade. Se fosse, seria um tipo de curiosidade mórbida, afinal já faz quase um mês que tudo aconteceu. Havia algo na voz, no tom, que não soube explicar, mas me deixou enojado.
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A quem importa saber se beltrano ou sicrano morreu em decorrência da Aids depois de já ter morrido? Que diferença isso faz na minha ou na sua vida? É só mais um detalhe: essa maldita doença não diz nada das ações ou dos sonhos e construções de ninguém. Nem mesmo dos traços de caráter ou da maldade de cada um...Doença alguma diz.Pode até mostrar alguns traços, rastros, mas jamais diz tudo.
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Tive um tio, pessoa bondosa, pai zeloso, criou doze filhos, mas era fumante incorrigível. Essa pessoa doce morreu urrando de dor, entubado em decorrência de um câncer de laringe.
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Assumidamente, tenho um amigo que, aliás, mudou radicalmente de estilo de vida e até de cidade quando descobriu ser soropositivo. Sumiu no mundo, nunca mais ouvi falar. Posso ter outras pessoas ao meu redor que também sejam portadoras sem que eu saiba - provavelmente encurraladas no silêncio porque ainda este estigma pesa sobre eles.
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Será que um vírus realmente tem a capacidade de reduzir a vida humana a um comentário deste tipo? Fala sério.
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Não faço apologia de nada. Mas é horrível saber que as pessoas ainda mantêm seus pré-conceitos presos numa jaula sem travas, prontos para saírem daí na primeira oportunidade. Péssimo quando se trata de alguém que nem mais neste plano esta.
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Na verdade, ela só exteriorizou o que boa parte desta gente rasa da moda (mas que não existe só na moda) pensa, ou suspeita ou leva adiante. A memória de alguém talentoso ficou resumido a isso: se morreu ou não com as letrinhas não importa o que tenha feito, escrito, dito, pensado...
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Não que isto conte ou importe para quem já se foi deste plano, mas para as pessoas assim, que ainda estão por aqui, a "imunidade moral" parece só valer para grandes como Cazuza, Renato Russo,Fred Mercury...Tenho certeza que a vida é bem mais do que isso e, por falar neles, as atitiudes e obras inconformadas de tais gênios ajudam a comprovar. Victor Hugo, o grande poeta francês, tem uma frase bárbara:"Morrer é quase nada. Difícil é não viver".
Vá em paz!

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terça-feira, 22 de abril de 2008

As redes caíram na rede, mas que bom que continuam com a cara do nordeste brasileiro



Não sou o primeiro a dizer que o Brasil vive uma constante negação da autenticidade nacional em detrimento dos modelos que vêm de fora – tidos como mais refinados e belos e cultos, etc. O complexo de inferioridade se expande e se complica em áreas importantes e capitais a outras nem tão essenciais: da cultura à moda, gastronomia, decoração....
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Complexo de colônia? Quem sabe! Talvez isso realmente perdure por tantos séculos porque não ainda não olhamos como se deve para o que está aqui do lado, fácil e à mão. E que também fala de nós mesmos; nos confronta diante do espelho com todos nossos defeitos e virtudes.
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Foi isso que me chamou a atenção na iniciativa ousada (e arrojada também por que não?) da Ramalho Têxtil, uma empresa cearense que desde 1944 produz e comercializa redes de descanso mas que só agora acaba de colocar na web suas peças bastante regionais. Com a marca Denaná, através de um endereço virtual, vende redes nordestinas de todas as cores, modelos, estilos.
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As coleções são anuais, divididas em 7 linhas de produtos (Petite, Prática, Comfort, Comfort Premium, Décor, Cadeira Natural e Brindes) e se diferenciam pela cartela de cores, padrões dos tecidos (lisos e listrados), além da variação de tipos de franjas.
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A grife também oferece cadeiras suspensas com as mesmas especificações das redes.
Já o e-commerce é bem simples e objetivo como o próprio nome: denaná = de nanar; de dormir...O visitante entra na página (www.denana.com.br), escolhe um modelo, compra, dá os dados do cartão, paga o frete e em até 03 dias úteis recebe a encomenda. Os preços bacanas começam a partir de R$ 31 (modelo petite natural, em algodão)
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Desde 1974, países como Alemanha, França, Holanda, Espanha, Suécia, Polônia, Suíça, Itália, Áustria, Eslovênia, Portugal, Grécia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Israel, Rússia, Caribe e Peru importam peças made in Ceará.
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Mas, apesar do sucesso lá fora e do xodó popular por aqui, a rede nacional, dificilmente figura entre os itens must have do décor nacional.




Acima, modelo natural em algodão e sem tingimento; à esquerda, a rede Denaná no atual tom azul Yves Klein; abaixo, os modelos cadeira, também para relaxar, têm formas que lembram a cadeira Bubble, clássico do design moderno e hit nos anos 70







Abaixo, os modelos tradicionais das redes cearenses ganham cores vibrantes como laranja e pink nas coleções



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Com raras exceções, como o arquiteto e designer, Marcelo Rosenbaum, profissional competente, criativo e sempre preocupado em mesclar referências nacionais em seus projetos, dificilmente uma rede é usada em projetos mais sofisticados de decoração.
***Também já vi uma rede incrível num projeto recente da decoradora Débora Aguiar, usada num cantinho de uma imensa varanda de um novíssimo apartamento com essas imensas varandas-gourmet. Linda, mas totalmente repaginada, dentro de um conceito clean & chic!!!
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Mas quer saber? A última coisa que alguém precisa se preocupar quando compra uma rede é com a questão brega x chique. Se não por outros motivos, pelo menos para honrar boa parte de nossas raízes indígenas. Caiu na rede, todo mundo só quer saber de relaxar e aproveitar,não é não?


Peça importante no décor da varanda, a rede aparece em versão clean&chic no projeto da arquiteta e decoradora Debora Aguiar

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segunda-feira, 7 de abril de 2008

Em Roma, faça como os romanos. No México, esqueça que pimenta arde!



Agüentei até onde pude. Apesar de diversificada e saborosa, a culinária mexicana hipervaloriza os chillis. E, sem mentira, os mexicanos põem chilli em tudo. Aos poucos as pimentas foram minando minha resistência e, combinadas ao ar seco, ajudaram a inchar meus lábios. Até o chilli verde, mais fraquinho, ardia como pimenta madura. Na minha despedida, optei por um tradicional Big Mac. E adivinha o que aconteceu? Catchup tem...Já a mostarda dá a vez ao molho Jalapeño. Eu não vô!!!!

Se espremer, sai sangue. Mas fazer o quê se isso também faz parte do México




Tá, vou apenas levantar a hipótese já que não tenho como fazer um tratado antropológico.
Antes dos espanhóis chegarem ao México, no período pré-hispânico, os sacrifícios aos diversos deuses eram bastante comuns entre as centenas de povos que habitavam aquele território. Para os Aztecas, por exemplo, os sacrifícios dos mais fortes guerreiros eram uma constante. Com uma machadinha feita da pedra obisidiana, os homens eram degolados e seus corações eram retirados em oferenda aos deuses, que, entre outras coisas, garantiriam com isso a fertilidade da terra

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No México também é comum o culto das Catrinas, as caveiras/esqueletos acompanhadas por um gato e uma outra caveira masculina, que representam a morte. Coloridas, muito sexy, elas são celebradas e estão entre as peças mais comuns e caras do artesanato mexicano. Dizem que, por tudo isso, os mexicanos não têm mesmo medo da morte e a celebram com vontade. A morte faz parte da vida e ponto.

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A introdução é para chegar ao ponto. Principalmente para quem acha que o televisivo Aqui Agora (de volta à grade do SBT) e o extinto jornal Notícias Populares eram o máximo do jornalismo sensacionalista que se tem notícia.
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Inevitavelmente quem pensa assim vai levar um choque nas bancas mexicanas. Aliás quem tem estômago fraco tem mais é que passar reto e nem olhar.
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Exposto nas bancas e vendido até mesmo dentro do metrô mexicano, o jornal diário Metro traz de tudo um pouco. Desde que seja lavado em sangue. É o sensacionalismo levado às últimas conseqüências meeeeeeessssmo. Tem gente degolada, cadáver queimado, violência, tragédias, cenas horríveis que acabaram em morte...
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Quem prestou atenção primeiro foi o Itamar, da Zero Hora, quando visitávamos Querétaro, uma cidade há algumas horas do DF. A manchete do dia trazia a história de uma garota de programa espancada com uma barra de ferro pelo namorado stripper.
A foto da jovem inerte, jogada sobre umas montanha de papéis, roupas sujas e outros objetos de um moquifo qualquer da Cidade do México era de arrepiar. Parecia ter sido feita minutos/segundos após o último suspiro da coitada.
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A moça estava apenas de calcinha e com um top minúsculo. As peças pequenas deixavam à mostra os hematomas pelo corpo e o rosto deformado pela pancadaria. Um figurino dos infernos; até parecia irreal; com ares de tudo produzido para aquela foto...Infelizmente, não era.
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O Metro é , colorido, formato tablóide, papel normal...Custa pouco e deve vender como água. E o pior, é que você se acostuma; ele fala diretamente aos chacras básicos, entende?
Você sente uma compulsão em observar a tragédia alheia; o sangue, o “modus operandi”, os detalhes, é algo estranho.,,
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Depois do caso da moça, ainda vi um carro que foi feito sanduíche depois de capotar e bater num muro; no dia seguinte, corpos carbonizados noutro acidente ...
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No penúltimo dia, quando deixávamos o bairro de San Angel para irmos à Casa-museu de Frida Kahlo, estava procurando uma banquinha pra comprar uma água ou um refri que atenuasse o calor. Dei de cara com a manchete: “Esquartejou o tio que o violentava quando criança”. A foto (horrível) reforçava o título e mostrava detalhes do que restara do cadáver. Ao lado, o sobrinho no momento em que foi preso.
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Chamei o Itamar pra mostrar-lhe a capa, mas ele se recusou. E tampouco queria saber da história. Não deixou que falasse uma palavra a respeito; Disse que ficaria impressionado. Foi quando me toquei que isso pega. Se você não se policiar, isso pega messssmo. Isso porque a vida pode se tornar um teatro dos horrores: num dia você assiste e no outro pode ser um dos personagens; To fora!!!!!!!!!!


P. S . Óbvio que não mostraria as capas do sanguinário jornal Metro. Em compensação, as Catrinas (esqueletos ícones do folcore e do artesanato mexicanos) lidam e simbolizam a morte de maneira bem mais divertida

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sexta-feira, 4 de abril de 2008

Desisto!!! Não consigo e nem quero mais entender o transito da Cidade do Mexico




Quando cheguei à Cidade do México, DF, pensei que me impressionaría de cara com a multidão de pessoas nas ruas, a poluição, a violência até. Sabe o que mais me chamou a atençao além da imensa frota de carros nas ruas? Nao foram os modelos caríssimos de Porsches, Ferraris, BMWs Z4, Minicoopers e outros tantos com mais de seis dígitos (de dólares) convivendo com milhares de outros bem mais véios.
Impressionante mesmo é ver o quanto esta frota enlouquece ao volante e…nao batem, nao atropelam. Não, pelo menos, que eu tenha visto ate aqora!
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É uma coisa muito louca. Imagine você pegando uma rotatória no seu carro. Seria normal se todos seguissem uma única direcao, certo? Nao é o que acontece aquí. Na mesma rotatoria uns vêm, outros vão, não há semáforo que dê jeito. Aí, para piorar, uns querem virar à direita, outros à esquerda, e outros querem seguir em frente.
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Vira um nó que só mesmo os motoristas mexicanos conseguem desatar entre eles. Nem sei como. Sei que para nos brasileiros, sentar numa van que vai cruzar a cidade tem mais emoçao que andar de buggy nas dunas de Natal. Uma loucura!!!
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Confesso que muitas vezes fiquei com frio na barriga e pensei que algo mais grave pudesse acontecer. Graças a Deus, estava errado.
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Mas não é só nas vans nao. Isso acontece com carros de passeio, ônibus escolares, caminhões, carros de passeio…Os caras vão se enfiando aquí e ali a todo momento.
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A Cidade do Mexico é imensa. Cruzada por vias igualmente imensas que percorrem a área urbana. Olha, não tem horário certo. Há sempre um congestionamento te esperando. Maior até que os de Sao Paulo.
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E não esqueça que aqui o metrô vai para todos os lugares - inclusive o aeroporto internacional Benito Juarez, que fica a 40 minutos do bairro Reforma onde estou. 40 minutos com o trânsito "andando". O DF tem ainda metrôbus, onibus, vans, coletivos….

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Trânsito livre é milagre aquí. Se acontece, é raro. Pode ser as sete da manhã, as tres da tarde ou as dez da noite... Nao tem jeito!!!

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As pessoas que moram nas cidades ao redor do DF chegam a ficar paradas, dentro do carro ou coletivo, até três horas no trânsito engarrafado. Elas até tentam driblar os congestionamentos saindo cada vez mais cedo de casa. Mas ai, todos tem a mesma idéia e adivinha o que acontece? Tudo de novo...três horas na ida, três horas na volta, seis horas em cima de um banco de carro, com a tensão dos engarrafamentos...
É muita gente dirigindo nas ruas.




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Desisto!!! Nâo consigo e nem quero mais entender o trânsito da Cidade do Mexico (DF). Não sou o Raul Gil, mas mesmo assim tiro o chapéu para o preço da corrida de táxi.
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Uma de mais de 20 minutos com trânsito pesado nos custou 25 pesos mexicanos, cerca de US$ 3,00 ou pouco menos de R$ 6,00. Tá!!!!!!!!!!!!! E também tem a história do "Uno a Uno", ou seja, nos cruzamentos passa um carro de uma mão, e em seguida, passa o da outra mão e assim por diante.Não tem semáforo, mas funciona a lei do bom senso. Confesso que funciona melhor nas cidades menores, com cerca de um milhão de habitantes, como Morelia e Querétaro.




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Giovanni Martinez, o motorista gentil e guia de turismo que nos levou e trouxe para Morélia e para as pirâmides na sua Van, percebeu nossos sustos no trânsito do DF.
- As pessoas nao dirigem assim em Sao Paulo?, ele perguntou:
Não, não!!!! respondi convictamente.
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Pois é, na verdade deveria ter respondido com mais calma: "Nao! Ainda nao...", seria a resposta mais certa. Acho que, infelizmente, estamos chegando là.

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Botox para que se sol forte e chilli abundante fazem a boca inchar no calor?

Juro que esta escapada para o México nao foi pretexto para aplicar botox. Depois de uma semana com um sol escaldante em plena primavera, e de comer (e até beber) chilli em praticamente tudo, minha boca tá tao inchada que parece que acabei de fazer uma intervençao cirurgica para aumentar os làbios. Tô com boca de madame recauchutada hahahhaha. E para piorar, a boca começou a rachar, tá horrível.
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Fica a dica: quando viajar para cá, encha a mala com protetor labial , protetor solar e muitos chapéus ou bonés. Aquí se caminha muito, principalmente nas cidades históricas que visitamos fora do Estado do México. Nas pirmides a coisa ficou pior. Parece deserto. Sol de rachar, clima sempre seco, às vezes vento.
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Na Cidade do Mexico ja vi muitas pessoas usando ate mascaras devido a poluiçao. Ela sempre ajuda a piorar tudo.
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Bem, no interior, as ruas das cidades sao bastante estreitas, mal passam os carros. E quando é uma van, um onibus ou caminhao, a coisa complica. Só nao complica mais porque existe a lei do bom senso chamada “Uno y Uno”. Ou seja: quando nao ha semáforo, em qualquer cruzamento primeiro passa o carro que está em uma delas, na seqüência, passa o outro da outra rua e assim por diante. Nao tem policiais cuidando, mas a coisa funciona mesmo. Há gentilezas...
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Nao acreditei quando vi as vovozinhas indígenas usando uma espécie de xale para adornar a roupa em pleno sol forte do meio dia. Elas sao lindas, e por Deus, como sao resistentes e longevas.
A peca, colorida, listrada ou lisa, adorna as roupas mas também serve para carregar compras e os pequeninos bebes ou criancas de pouca idade. Algunas mulheres também usam luvas de la, nao importa quantos graus faça. Incriveis e lindas. Nao há como nao se comover com a determinacao e a forca de todas elas. Minha boca é fichinha pro tanto que essas guerreiras enfrentam no dia a dia.

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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Talvez você ainda não saiba, mas o México é o Brasil com autoestima. Vai dar certo!!!!



Passei alguns dias sem atualizar este blog, mas o motivo vai ser explicado aos poucos.
Antes disso, duas coisas que vocês precisam saber sobre mim: 1) meu nome é mesmo Joni Anderson; e 2) tenho sobrenomes de ascendência espanhola (acho) mas que bem podem ser mexicanos também. Dito isso, vamos adiante.
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A pesar de gostar das cores de Frida Kahlo, de marguerita, de Rita Hayworth e Emiliano Zapata, nunca havia planejado viajar para o México.
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Mas não é que surgiu do nada uma oportunidade de atravesar a linha do Equador; joguei tudo para cima, fiz a minha mala (como sempre com mais coisas que deveria) e comecei uma saga que hoje somam exatos sete dias.
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Aliás, se for contar as duas madrugadas na fila do Consulado Mexicano em Sao Paulo para conseguir este bendito visto de entrada, seria bem mais do que uma semana. Mas isso é uma outra história que depois eu conto.
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Aquí estou, fascinado pelas liçoes de vida, de História, pela arquitetura, pelos costumes, pela energia do país e das pessoas…Tudo é incrivelmente fascinante mesmo! Nao fazia a menor idéia do que iria encontrar além do lugar comum.







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Claro, que esta terra quente é também misteriosa, religiosa, mística, guerreira, resistente…Achou parecido com o Brasil? Existem sim pontos de convergência, mas
nesse momento, diria, sem o menor constrangimento, que o México é o Brasil com autoestima. Portanto, tem tudo para dar certo.
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Acho que as vezes, nós brasileiros, confundimos autoestima com sex appeal. Com peitos e bundas e tórax esculturais. Sobrevalorizamos o jeito sexy de ser, a beleza, o corpo e esquecemos do resto...Até o sex appeal brasileiro deveria ser melhor entendido por nós brasileiros. É, em última ou primeira instância, produto da mistura de racas. Mas quem diz que e brasileiro porque é a soma de negro, indio e branco?
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Aqui a pegada é outra. Posso estar viajando, mas a verdade é que os mexicanos têm cara de mexicanos, gostam de ser o que sao e têm orgulho das suas raízes.Sobretudo as indígenas. Um exemplo, dentre muitos que se vê aquí: sábado passado fomos visitar o Museu Nacional de Antropología, localizado numa imensa área verde. Filas e filas montadas, parecia show de rock, mas eram estudantes, famílias e gringos embaixo de um sol escaldante para verem as peças dos diferentes povos que constituem o caldeirao mexicano. Impresionante!!!!!!!
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Ao lado do Brasil e da India, o México (todo mundo sabe) é uma das novas economias emergentes do mundo. E isto fica claro logo no desembarque da viagem de nove horas que saiu de sampa. Estrangeiros das mais diversas procedências fazem fila para entrar no país. Alguns, nao precisam de vistos, mas outros, assim como nós, nao tem como fugir…
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Santa Fe, um dos bairros novos da Cidade do México (DF como se chama aquí), nao para de erguer predios de multinacionais e outros para moradias de seus Ceos, executivos e funcionários. No bairro de Polanco, um dos mais ricos da cidade, grifes internacionais fazem fila na rua Massaryk. Tem grifes com lojas que nem a Oscar Freire, nem o quadrilátero poderoso do Jardins tem.
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Talvez a maioria dos brasileiros pensem no país como sinônimo de praia (Cancún, Acapulco...), tequila, cactus…de poluição e violência. A recíproca é verdadeira. Aquí se conhece e aprecia o Carnaval, as novelas, o Rio de Janeiro e o futebol brasileiros (como sempre, arghhhh!!! Só divulgam e valorizam isso no exterior; aí o resultado é pífio e nao adianta reclamar)
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Claro que uma das maiores cidades do Planeta e que nem se sabe ao certo quantos milhões de pessoas tem - já me disseram 23, também já falaram 28 contando o entorno do DF -, a Cidade do Mexico tem problemas. O homem mais rico do mundo atualmente é mexicano. Por outro lado, nosso guia e motorista, Giovanni Martinez, garantiu que segundo dados governamentais, 40 por cento da populacão mexicana vive na pobreza.
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Óbvio, que o press tour nos apresentou o primeiro ponto de vista, com impressionantes hotéis boutiques, hotéis 5 estrelas, museus concorridos, cidades interioranas que se autosustentam com o turismo…A pobreza e a miseria passaram longe. Mas elas existes, e , assim como no Brasil, criam uma tensao permanente.

Fui alertado a ter cuidado ao tomar taxi. Já houve caso de turistas que sofreram secuestros relampagos aquí. Jornais sensacionalistas expoe corpos queimados, cadáveres espancados, torturados, violados…no pior do estilo mundo cao. E natural. E por ai vai

Voltando ao assunto: apesar da influência espanhola, os mexicanos gostam, exaltam e preservam suas raízes indígenas. Aztecas, Toltecas, Mayas e tantos outros povos que habitavam o pais deixaram uma heranca milenar e poderosa. Impregnou=se da genetica à arquitetura, da historia ao estilo de vida…Antes dos europeus chegarem aquí existiam mais de cem grupos étnicos distribuídos pelo país.
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O guia que nos levou para visitar Zócalo, no centro do DF, nos disse que o México
Sempre despertou o interesse dos exploradores. Primeiro foram os espanhóis; depois vieram os franceses e por último os norte-americanos, que inclusive conseguiram “comprar” à prestaçao parte do território mexicano onde hoje estao os estados da California, Novo Mexico, e Texas. Pode?
````
O fato e que o Mexico mais uma vez esta no olho do furacao. E nesta hora, autoestima elevada, acredite, faz muuuuuuuuuiiita diferença.

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