quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mutantes à solta. O que isso significa?


Domingo próximo, 28, a Revista da Folha traz uma matéria minha com produção da Ana Paula Amaral sobre a Maison & Objet, salão de decoração e um dos motivos de minha viagem mais recente à Europa.
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Foi minha primeira cobertura internacional do evento; fiquei surpreso pelo profissionalismo, a imensidão do salão e o alto nível de criatividade dos expositores.
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Para quem trampa com decoração, é, de fato, um roteiro indispensável. Pelo menos uma das duas edições anuais, merece uma visita.
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Apesar do contentamento com o salão, não pude deixar de me espantar com um certo clima taciturno entre as criações e os expositores presentes. Apesar de um direcionamento claramenteb escapista e lúdico, houve, por outro lado - esse bem mais assustador - um certo tom lúgubre. Até já escrevi no post anterior sobre isso.
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Esse olhar se completou com minhas observações extra-feira, caminhando pelas ruas de Paris e Bruxelas.
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Até mesmo a publicidade está evidentemente preocupada com a mudança dos tempos.
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Mais do que isso: tudo leva a um sentenciamento - Ou mudamos nossa postura no mundo ou devemos nos preparar para o pior.
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Seres mutantes; híbridos, metade humanos, metade animais, é sobre isso que estou falando. É o que anda pelas ruas destas duas cidades; exposto em painéis, backlights, outdoors...
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Isso já chegou aqui também, mas de uma maneira mais funny. A Garimpo Fuxique, por exemplo, utilizou um aproach bem engraçado e pegada fashion com o povo convidado para a sua campanha posando com máscaras e fantasias de animais.
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Tem também a novela mais exdrúxula do momento, diariamente na Record. Uiiii!!!!
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É o lado lúdico da coisa toda. Hiperfantástico.
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Mas, no velho continente, isso pareceu mais sério.
A foto aí acima, no abre, foi feita em Burse Bourse, um dos bairros mais descolados de Bruxelas. O recado diz: Pare as mudanças climáticas antes que elas o modifiquem.
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As imagens que vêm logo abaixo foram feitas em Paris: a do galo é propaganda do jornal Le Monde, estava numa banca no Opera, bem próxima a Galeries Laffayete; O tromp l´oeil, da Equus, é um backlight junto à Torre Eiffel: parece um cavalo, mas olhando direito, você verá uma figura humana também. A Ana Paula até ficou enjoada com a imagem.
Mais abaixo, o lado lúdico e hiperfantástico dos mutantes na campanha bem-humorada da Garimpo Fuxique









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Nem tive tempo de conversar/explicar isso tudo para minha editora, na urgência do fechamento. Mas essas nuances comportamentais não me parecem vãs. Fiz uma primeira matéria que ficou meio obscura e precisaria de outros ângulos para poder linkar o que percebi e, depois, transformar isso tudo numa matéria de lifestyle.
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Bem, o resumo bacana da feira estará lá, publicado no próximo domingo, com tendências claras do design e da decoração que colhemos nos corredores da Maison & Objet.
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Mas queria compartilhar com vocês outras impressões, menos aparentes...Como já disse anteriormente, as criações emergem do inconsciente. E, muitas vezes, sinalizam coisas que não queremos ver.
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Gostaria de estar tremendamente enganado. Mas há muito tempo troquei o fatalismo pela realidade. Foi isso que vi;

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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Salão europeu de decoração alerta para o fim dos tempos e as soluções pós-décor



Mais do que as esperadas novidades do design e da decoração, a Maison & Objet, conceituado salão de decoração e acessórios da Europa que aconteceu de 05 a 09 de setembro, em Paris, deixou claro o que há de mais novo no velho continente.
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Traduzido em peças decorativas e tendências comportamentais, o lifestyle europeu tem notícias dramáticas para o futuro do décor de espaços internos e externos das residências.
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Esqueça conceitos como "coccooning" e até mesmo os batidos termos"sustentabilidade", "ecologicamente correto" ou "sustentável". Eles ainda continuam importantes, claro.
Mas, desta vez, indicam um outro aspecto mais imediato e, por vezes, escapista e lúdico.
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Na 20a. edição da feira,os seis pavilhões, dividos por segmentos variados, do exterior, cama, mesa e banho ao étnico, tiveram em comum pontos de certa forma assustadores.
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Devidamente assimiladas e integradas aos projetos e criações, a onda
ecológica e a sustentabilidade, já passaram a fazer papéis coadjuvantes na
decoração. Para a maioria das empresas expositoras, são etapas já subentendidas e incorporadas. A novidade agora é outra: o que resolvi chamar de "pós-décor"
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É como se, depois de tantos alertas e lutas em defesa da ecologia, o décor, impotente, refletisse agora sobre o dia depois de amanhã. Depois do fim.
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E, assim, encontraram saídas para o que será o ambiente pós-destruição, com menos
água, menos plantas e animais e mais gente sobre o planeta.
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Pode ser meio catastrófico, eu sei. Poderia ter olhado muito mais para as cores vibrantes que estão voltando forte ao decor. Mas resolvi refletir sobre o o outro extremo.
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Atenção, portanto: por se tratar de criações, muitas vezes artísticas -além do comercial - são também sinalizadores comportamentais. Designers e artistas deram seus recados, conscientes ou inconscientes, na Maison et Objet.
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Ou seja: restou ao décor contemporâneo se reiventar com elementos da natureza morta.
Assim, o salão trouxe uma profusão de bichos empalhados (cruzes!!!!), chifres,
peles em todas as suas variações e outros materiais rústicos para serem
utilizados sem dó.
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Antes verdes e exuberantes, folhagens e árvores apareceram em versões inanimadas, metálicas, ou cobertas por camadas de tinta escura que remetem à foligem e à morte. Há até luminárias feitas com radiografia de esqueletos de animais de estimação (cruzes de novo!!!!!).

Dark nature: folhagens recobertas com tinta escura que remete a foligem e a morte




Sinais dos tempos: á esquerda, o tapete de zebra, agora cromado; abaixo, a natureza morta em forma de banco de bambu e de cactus metálicos, tudo criações de Alex Davis: animais e plantas sem complicacões


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A overdose destes elementos é tão presente que chega a configurar uma versão barroca do tema com conchas e estrelas do mar pintados e agrupados em molduras, vasos,
móveis e acessórios. Há ainda corais artificiais, troncos e galhos
gigantescos para serem usados em todos os ambientes.
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Chifres, conchas, corais e estrelas do mar, galhos gigantescos e até animais empalhados estão em destaque novamente no décor, que volta a olhar para o primitivo


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Este período sinistro, quase um "pós-hecatombe" imaginário, promove longa vida as
cores sombrias para a casa. Preto e cinza continuam como base nas
composições dos ambientes.
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Em contrapartida, o branco total e o prisma colorido da luz, devidamente quebrado em seus espectros, se espalham em projetos mais otimistas. Destaque para as luminárias e lustres, que transitam por todas as propostas, cada vez maiores e mais coloridos, em
materiais diversos e formas que passeiam entre a sofisticada lapidação do
diamante até o lúdico - como as formas etéreas das nuvens - e o non sense.
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Imponentes, quase se tornam itens obrigatórios e a solução da ambientação
moderna.
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A vibração contagiante das cores vivas também pode vir combinada entre si,
como sugerem alguns designers.
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Apesar de exagerado e com enfoque maximalista, este período criativo também
sugere peças menos drásticas para a casa. Bem-humoradas, kitsch ou
românticas, as melhores utilizam acrílico, resina e o efeito tromp l ' oeil ou lúdico.
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Cadeiras e poltronas de acrílico, por exemplo, ganham imagens internas com
texturas que suavizam ou redesenham o material, brincando com os sentidos e
criando a ilusão de mais conforto. Adesivos, displays, pop ups de animais
domésticos e impressões em 3D também acrescentam um certo ar hiperfantástico
e remetem á decoração para os domínios dos livros infantis.



Acima,versão divertida em luminária e acessórios decorativos para a casa que resgatam elementos lúdicos para a ambientação

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Surpresa maior é a arte africana, fonte onde beberam artistas importantes do
século passado, que ressurge forte e imponente na estamparia, nas esculturas
e formas superando a influência chinesa no décor.
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Nada mais apropriado. Para o décor que procura o equlíbrio entre contrastes, voltar os olhos para um dos continentes mais emblemáticos do planeta, é sempre um investimento
seguro.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Berinjela ; beterraba; uva…A salada mista monocromática perdeu força. O rosa é o choque da vez




A cor tá bombando meeeeessssmmmoooo. Tem rosa na moda; na decoração ; nos anúncios; nos crachas; nas revistas ; em tudo …Então; quem se liga nos assuntos acima; a nossa dica quentinha é: nao tenha medo de começar a pensar na cor com mais carinho. Mas nao estamos falando de um rosa qualquer; tem muita personalidade este de agora. Na verdade; tem algo do berinjela que ja era o tom mais onipresente das últimas temporadas de lançamentos ; com mais luz e um frescor mais contemporaneo.


Na Maison et objet a cor foi destaque até na linha cama mesa e banho

Difícil descreve-lo ; mas o olhar se acostuma de imediato quando encontra esta nova tonalidade. Nao e romântico nem fluor ; nem chocante nem apático ; portanto tambem é andrôgino ; vale para todos os sexos na indumentária e no décor . No cinza urbano ; o cor de rosa é o melhor choque neste final de verão parisiense. Vejam alguns highlights que colhemos entre um café e outro da Lyon Mode City ; Maison et Objet e Premiere Classe.

Ana diz que essa cor ,além de dar um clima moderno na decoração deixa as pessoas alegres ,mas usaria somente nos acessórios.Eu acho que esse novo rosa vai bem na mistura com os tons mais quentes como o vermelho ,laranja e amarelo,em versão super pop em cenários e propostas mais arrojadas.Para roupa o menos continua sendo o mais,concordamos nesse ponto.Mas torcemos em conjunto pelo sucesso do turquesa,umas das cores que está entrando com tudo.

Bicicletamania!!!!Reserve 1 Euro para conhecer Paris sobre duas rodas


Nao tinha estado em Paris depois do advento das bicicletas para alugar que estao a disposicao por toda cidade.A Ana também não.Então foi uma surpresa para nós dois.í
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Incrível como uma ideia simples pode fazer tanta diferenca na vida das pessoas.
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Ok!!! Paris é uma cidade que permite sair pedalando por ai. Plana e com paisagens deslumbrantes; sem engarrafamentos quilométricos...Mesmo assim é bacana ver como os franceses vestiram a camisa ecológica e alternativa dos transportes.
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Funciona assim: voce aluga uma bici num ponto qualquer da cidade por 1 Euro. Pode andar por Paris durante uma hora. Depois ganha mais meia hora para achar o ponto de devolução. Sao muitos espalhados pela cidade. Muitos mesmo.
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Ah!!!! O modelo é retrô ,mas as bicicletas são bem modernas: tem até luz para
noite e cestinha para carregar pertences ou compras.
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Nem pense em sumir com sua amiga bicileta. Todas elas tem chip e se voce ultrapassar a hora da devolução paga multa de 7 Euros.
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Ou seja: pra que quebrar a corrente?? O ideal é pegar o veiculo de duas rodas; andar pela cidade e devolver no ponto seguinte. Assim todo mundo usa o tempo todo. Fácil; prático; honesto e barato...
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E virou mania mesmo!!!!! Até embaixo de chuva os parisienses pedalam. E de terno também. E de trench coat também. De saia; de vestido... Mas o mais engracado é ver as francesas cortando os carros e pedalando rapido e...de salto alto

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Preta Gil lavando escadarias? Não é Salvador, é sete de setembro em Paris



Domingo, sete de setembro, depois de um petit dejeneur delicioso, eu e Ana saímos pela Ópera em busca de uma filial do Ibis que fizesse nossa reserva em Londres. Foi só pisar no Boulevard des Iteliennes que ouvimos um zum zum zum alto e claro.
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A confirmação veio a seguir, com o maitre do restô em que havíamos jantado na noite anterior já trampando bem cedinho. "Os brasileiros", disse ele, puxando conversa num português simpático e arrastado. "Música do Brasil..." apontando para a direção oposta
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Pois não é que era mesmo. Ele mostrou a Kombi que, ha alguns metros puxava a multidão com caixas de som potentes. Atrás, uma misturada de Timbalada com Olodum, gente tocando surdo, bumbo e devidamente paramentada.
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A batida tomou toda a Opera. Devidamente fundidos numa coisa só, brasileiros e franceses, avançavam ao som de axé, como se fosse o pelourinho.
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Até pensamos que fosse Daniela Mercury in concert numa manhã francesa efria de domingo.Mudamos os planos na hora.
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Alguém explicou que era a lavagem da escadaria de(igreja)Madeleine, um dos símbolos da França.
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Metros adiante, já na frente da igreja, agachamos e rezamos um pai nosso junto com toda a multidão. Primeiro em português. Depois em francês com sotaque (carregado) de pernambuco.
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Tá!!! mas anovidades não pararam por aí. Do nada, a organização anunciou a presença da madrinha da lavagem de Madeleine...
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Tchan tchan tchan...Preta Gil. Ela mesma!!!!! Puxou um : "isso aqui, ôô, é um pouquinho de Brasil, ai, ai...que canta e é feliz..."
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Olha, não quero mentir, mas tinha imprensa atrás dela lá nas escadarias;da França, não sei qual canal; e a Rede TV, do Brasil. Ela até deu entrevistas e tudo.

Cenas insólitas de uma manhã dominical em Paris:acima, Preta Gil nas escadarias de Madeleine; abaixo, o colorido das flores e os momentos de fé, com direito a pontos de candomblé, corte de reis do maracatu, axé e até bumba meu-boi. Tudo bem Brasil...





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Bom, eu e Ana, tomamos banho de água de cheiro e seguimos em frente para mais um dia de trabalho.
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Lembramos do Alessandro Jordão, que na noite passada, enquanto tomávamos um café no Deux Magots, nos falou que havia tirado fotos com Karl Lagerfeld na Colette da Maison & Objet
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Ai, ai...Nós, tivemos outro tipo de prêt-à-porter...Beeeeem divertido, se é que vcs me entendem.
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P.S - E não é que tinha de um tudo nessa lavagem da Madeleine. Era uma coisa de joga água de cheiro, bate tambor, depois dança Bumba Meu Boi, Maracatu, tudo junto e em francês com sotaque pernambucano, brasileiro, franco-brasileiro, brasileiro francamente...artista plástica,"amiga do Miguel Falabella" (foi o que ela nos disse...)
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Enfim tinha até um índio cantor, que cita Fernando Pessoa, que mora há muuuito tempo na França e adorou tirar fotos com a Ana.


Acima,um pouco do clima da lavagem à francesa e, abaixo, o cartaz da festa.

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