terça-feira, 22 de abril de 2008

As redes caíram na rede, mas que bom que continuam com a cara do nordeste brasileiro



Não sou o primeiro a dizer que o Brasil vive uma constante negação da autenticidade nacional em detrimento dos modelos que vêm de fora – tidos como mais refinados e belos e cultos, etc. O complexo de inferioridade se expande e se complica em áreas importantes e capitais a outras nem tão essenciais: da cultura à moda, gastronomia, decoração....
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Complexo de colônia? Quem sabe! Talvez isso realmente perdure por tantos séculos porque não ainda não olhamos como se deve para o que está aqui do lado, fácil e à mão. E que também fala de nós mesmos; nos confronta diante do espelho com todos nossos defeitos e virtudes.
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Foi isso que me chamou a atenção na iniciativa ousada (e arrojada também por que não?) da Ramalho Têxtil, uma empresa cearense que desde 1944 produz e comercializa redes de descanso mas que só agora acaba de colocar na web suas peças bastante regionais. Com a marca Denaná, através de um endereço virtual, vende redes nordestinas de todas as cores, modelos, estilos.
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As coleções são anuais, divididas em 7 linhas de produtos (Petite, Prática, Comfort, Comfort Premium, Décor, Cadeira Natural e Brindes) e se diferenciam pela cartela de cores, padrões dos tecidos (lisos e listrados), além da variação de tipos de franjas.
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A grife também oferece cadeiras suspensas com as mesmas especificações das redes.
Já o e-commerce é bem simples e objetivo como o próprio nome: denaná = de nanar; de dormir...O visitante entra na página (www.denana.com.br), escolhe um modelo, compra, dá os dados do cartão, paga o frete e em até 03 dias úteis recebe a encomenda. Os preços bacanas começam a partir de R$ 31 (modelo petite natural, em algodão)
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Desde 1974, países como Alemanha, França, Holanda, Espanha, Suécia, Polônia, Suíça, Itália, Áustria, Eslovênia, Portugal, Grécia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Israel, Rússia, Caribe e Peru importam peças made in Ceará.
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Mas, apesar do sucesso lá fora e do xodó popular por aqui, a rede nacional, dificilmente figura entre os itens must have do décor nacional.




Acima, modelo natural em algodão e sem tingimento; à esquerda, a rede Denaná no atual tom azul Yves Klein; abaixo, os modelos cadeira, também para relaxar, têm formas que lembram a cadeira Bubble, clássico do design moderno e hit nos anos 70







Abaixo, os modelos tradicionais das redes cearenses ganham cores vibrantes como laranja e pink nas coleções



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Com raras exceções, como o arquiteto e designer, Marcelo Rosenbaum, profissional competente, criativo e sempre preocupado em mesclar referências nacionais em seus projetos, dificilmente uma rede é usada em projetos mais sofisticados de decoração.
***Também já vi uma rede incrível num projeto recente da decoradora Débora Aguiar, usada num cantinho de uma imensa varanda de um novíssimo apartamento com essas imensas varandas-gourmet. Linda, mas totalmente repaginada, dentro de um conceito clean & chic!!!
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Mas quer saber? A última coisa que alguém precisa se preocupar quando compra uma rede é com a questão brega x chique. Se não por outros motivos, pelo menos para honrar boa parte de nossas raízes indígenas. Caiu na rede, todo mundo só quer saber de relaxar e aproveitar,não é não?


Peça importante no décor da varanda, a rede aparece em versão clean&chic no projeto da arquiteta e decoradora Debora Aguiar

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1 Comentários:

Blogger Marta De Divitiis disse...

Ai, tenho excelentes lembranças de redes... Brinquei muito com elas quando criança e depois de adulta, umas tantas vezes...

30 de abril de 2008 às 17:57  

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