segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Saramago me ensinou a deixar a vida me levar


Começo dezembro falando de novembro, o mês que meu computer entrou em pane e o mundo quase entra em colapso com essa crise econômica sem precedentes na história. Tem ainda a tragédia de Santa Catarina (estado que adooooro), embaixo d´água, e o mundo caminhando pro precipício...
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Aí sobrou mais tempo pra outras coisas. Incentivado por minha irmã (fã de carteirinha), fui, por exemplo, ao lançamento mundial do mais recente livro de José Saramago, a Viagem do Elefante (Cia. das Letras), R$ 46, no Sesc Pinheiros no último dia 27.
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Com o próprio escritor presente no auditório Paulo Autran e a leitura de trecho da obra feita pela atriz Sandra Corvelloni, o evento se tornou um daqueles momentos especiais que ficarão para sempre na memória.
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E que um dia, depois de passarem-se os anos, poderei contar para amigos mais chegados, como um daqueles causos que fazem toda diferença na vida.
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Todos dizem, inclusive ele próprio, que "A viagem do elefante" é o livro mais jovem de Saramago. Não dá para classificá-lo como conto ou romance. Já comecei a ler, e estou adorando...Depois conto mais.
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Aos 86 anos, Saramago é impressionante.Acabou de superar uma doença gravíssima, que lhe retirou 16 quilos - "já recuperados" - e quase lhe apresentou à morte.
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Mas não espere nada disso em uma linha sequer do livro. A pegada é outra, alegre e reflexiva...
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Saramago se confessou melancólico e reservado. Confirmou também que nunca foi ambicioso, foi deixando a vida lhe levar...E o neto de avós incultos chegou longe, vai se tornar imoortal.
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Mora hoje nas Ilhas Canárias, de onde sai mundo afora carregado pela literatura.
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Aos 63 anos conheceu sua segunda e atual esposa, Pillar del Rio, na época, com 36.
Falante, calmo, envolvente, também se mostrou romântico incurável ao declarar publicamente seu amor pela companheira. "Se não tivesse conhecido Pillar, não tenho dúvidas que teria morrido muito mais velho do que sou hoje..."
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"Passei 20 anos sem escrever um livro porque não tinha nada a dizer", disse."Não sou contra a escrita, se esta é a forma que as pessoas escolheram pra se expressarem...Mas, sinceramente, acho que já temos demasiados livros publicados...
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Sensível, o escritor também acha que o mundo e as pessoas perderam os valores mais básicos.
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"Todo mundo quer ter fortunas, aparecer em revistas de clebridades, sem responder como ou o que fez para chegar lá...",atestou.
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Saramago fez uma pausa e lembrou ainda de uma pergunta que lhe fizeram há pouco tempo: O que falta a alguém como o senhor, um escritor famoso,que vive do seu trabalho, reconhecido internacionalmente,prêmio Nobel de literatur? "Gostaria de ter mais tempo...e vida", arrematou o Saramago visivelmente emocionado.
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Se eu ultrapassar as oito décadas, já tenho meu espelho. Quero chegar lá, assim...

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1 Comentários:

Blogger Marina Melz disse...

quanto a Santa Catarina, estou torcendo pra que você volte logo e acompanhe nosso renascimento. quanto Saramago, só pode ser chamado de gênio aquele que é muito bom no que faz e ainda consegue emocionar as pessoas. ele é dos mais impresisonantes gênios.

24 de janeiro de 2009 às 09:21  

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