segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Salão europeu de decoração alerta para o fim dos tempos e as soluções pós-décor



Mais do que as esperadas novidades do design e da decoração, a Maison & Objet, conceituado salão de decoração e acessórios da Europa que aconteceu de 05 a 09 de setembro, em Paris, deixou claro o que há de mais novo no velho continente.
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Traduzido em peças decorativas e tendências comportamentais, o lifestyle europeu tem notícias dramáticas para o futuro do décor de espaços internos e externos das residências.
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Esqueça conceitos como "coccooning" e até mesmo os batidos termos"sustentabilidade", "ecologicamente correto" ou "sustentável". Eles ainda continuam importantes, claro.
Mas, desta vez, indicam um outro aspecto mais imediato e, por vezes, escapista e lúdico.
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Na 20a. edição da feira,os seis pavilhões, dividos por segmentos variados, do exterior, cama, mesa e banho ao étnico, tiveram em comum pontos de certa forma assustadores.
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Devidamente assimiladas e integradas aos projetos e criações, a onda
ecológica e a sustentabilidade, já passaram a fazer papéis coadjuvantes na
decoração. Para a maioria das empresas expositoras, são etapas já subentendidas e incorporadas. A novidade agora é outra: o que resolvi chamar de "pós-décor"
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É como se, depois de tantos alertas e lutas em defesa da ecologia, o décor, impotente, refletisse agora sobre o dia depois de amanhã. Depois do fim.
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E, assim, encontraram saídas para o que será o ambiente pós-destruição, com menos
água, menos plantas e animais e mais gente sobre o planeta.
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Pode ser meio catastrófico, eu sei. Poderia ter olhado muito mais para as cores vibrantes que estão voltando forte ao decor. Mas resolvi refletir sobre o o outro extremo.
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Atenção, portanto: por se tratar de criações, muitas vezes artísticas -além do comercial - são também sinalizadores comportamentais. Designers e artistas deram seus recados, conscientes ou inconscientes, na Maison et Objet.
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Ou seja: restou ao décor contemporâneo se reiventar com elementos da natureza morta.
Assim, o salão trouxe uma profusão de bichos empalhados (cruzes!!!!), chifres,
peles em todas as suas variações e outros materiais rústicos para serem
utilizados sem dó.
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Antes verdes e exuberantes, folhagens e árvores apareceram em versões inanimadas, metálicas, ou cobertas por camadas de tinta escura que remetem à foligem e à morte. Há até luminárias feitas com radiografia de esqueletos de animais de estimação (cruzes de novo!!!!!).

Dark nature: folhagens recobertas com tinta escura que remete a foligem e a morte




Sinais dos tempos: á esquerda, o tapete de zebra, agora cromado; abaixo, a natureza morta em forma de banco de bambu e de cactus metálicos, tudo criações de Alex Davis: animais e plantas sem complicacões


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A overdose destes elementos é tão presente que chega a configurar uma versão barroca do tema com conchas e estrelas do mar pintados e agrupados em molduras, vasos,
móveis e acessórios. Há ainda corais artificiais, troncos e galhos
gigantescos para serem usados em todos os ambientes.
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Chifres, conchas, corais e estrelas do mar, galhos gigantescos e até animais empalhados estão em destaque novamente no décor, que volta a olhar para o primitivo


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Este período sinistro, quase um "pós-hecatombe" imaginário, promove longa vida as
cores sombrias para a casa. Preto e cinza continuam como base nas
composições dos ambientes.
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Em contrapartida, o branco total e o prisma colorido da luz, devidamente quebrado em seus espectros, se espalham em projetos mais otimistas. Destaque para as luminárias e lustres, que transitam por todas as propostas, cada vez maiores e mais coloridos, em
materiais diversos e formas que passeiam entre a sofisticada lapidação do
diamante até o lúdico - como as formas etéreas das nuvens - e o non sense.
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Imponentes, quase se tornam itens obrigatórios e a solução da ambientação
moderna.
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A vibração contagiante das cores vivas também pode vir combinada entre si,
como sugerem alguns designers.
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Apesar de exagerado e com enfoque maximalista, este período criativo também
sugere peças menos drásticas para a casa. Bem-humoradas, kitsch ou
românticas, as melhores utilizam acrílico, resina e o efeito tromp l ' oeil ou lúdico.
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Cadeiras e poltronas de acrílico, por exemplo, ganham imagens internas com
texturas que suavizam ou redesenham o material, brincando com os sentidos e
criando a ilusão de mais conforto. Adesivos, displays, pop ups de animais
domésticos e impressões em 3D também acrescentam um certo ar hiperfantástico
e remetem á decoração para os domínios dos livros infantis.



Acima,versão divertida em luminária e acessórios decorativos para a casa que resgatam elementos lúdicos para a ambientação

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Surpresa maior é a arte africana, fonte onde beberam artistas importantes do
século passado, que ressurge forte e imponente na estamparia, nas esculturas
e formas superando a influência chinesa no décor.
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Nada mais apropriado. Para o décor que procura o equlíbrio entre contrastes, voltar os olhos para um dos continentes mais emblemáticos do planeta, é sempre um investimento
seguro.

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1 Comentários:

Blogger Marta De Divitiis disse...

Interessante essas suas observações. Um tanto sorumbáticos esses elementos não são?

23 de setembro de 2008 às 13:47  

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