quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fui dormir jornalista, acordei sem profissão...

Foi assim mesmo: a partir de hoje, segundo os ministros do STF, no Brasil não há mais a profissão regulamentada de jornalista. Por oito votos a um, não há mais a obrigatoriedade de graduação para o exercício da profissão etc.etc.

Segundo o relator, ministro (arrrrrrrrrggggggggggggggggggggg!!!!!!!!!), Gilmar Mendes, é uma atividade que não acarreta danos físicos sobre outros; era um resquício da ditadura militar que afetava a liberdade de expressão, blá blá blá “O jornalista é um profissional diferenciado por se dedicar inteiramente è liberdade de expressão", disse. "A formação acadêmica não pode ser a única responsável pela formação do profissional, mas deve servir como base", completou. "A Constituição Federal de 1988, ao garantir a ampla liberdade de expressão, não recepcionou o decreto-lei 972/69, que exigia o diploma", afirmou por fim
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Poucos dias depois de acabarem com a Lei de Imprensa, a novidade foi a extinção do diploma de jornalismo e atividades correlatas. Imagino que se encaixem aí atores, cineastas, relações públicas, publicitários....
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E pensar que deixei uma pequena fortuna na PUC do RS. E pensar que, apesar dos diletantismos de quatro anos de faculdade, bem longe da prática do jornalismo, ainda assim aprendi alguma coisa.
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Agora quem quiser que aprenda na prática sobre ética e lide; sobre barriga, olho, chapéu... Para donos de veículos de comunicação e editores safados é bem melhor ter alguém despreparado ou alienado pra explorar! E sobre ciências da comunicação, semiótica, semiologia...é mole?
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A safadeza é tanta, que ministro algum decretou o fim das universidades de comunicação. Por que não? Ou será que alguém vai pensar em freqüentar (e pagar) quatro anos de graduação se pode conseguir escrever em revistas, jornais, sites, sem investimento algum?
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E pra fazer Relações Públicas, Publicidade & Propaganda, Turismo, Marketing...precisa de diploma por quê? Sendo assim, por que um bom pedreiro pode ser arquiteto também?
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Eu hein?! País de merda. Depois todos vêm com o discurso sobre qualidade da educação. Mais fácil acabar com ela né? E benéfico também- pro bolso, pros políticos...
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Bom, já que não sei como irei me aposentar, já que não tenho mais profissão, nem vou fazer outra faculdade (vai que eles decidam acabar com o diploma tb né?) agora vou procurar mais uma profissão que não precise de diploma e vou ser mais multimídia do que fui tendo que ser jornalista. Sim, pq nos últimos anos, só com muiiiito jogo de cintura. Hmmmmmmmm....político talvez? arrggggggggghhh
Chega de hipocrisia! Fechem logo as portas das universidades de jornalismo. Pelo menos não enganariam mais ninguém. Provavelmente isso nunca vá acontecer. Há interesses em jogo – e dinheeeeeiiiiiiiirooooo.
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Pelo Sertesp, falou a advogada Taís Borja Gasparian. Segundo ela, a exigência do diploma é incompatível com a Constituição Federal em aos menos três pontos, entre eles, a liberdade do exercício de qualquer trabalho e a liberdade de manifestação de pensamento e expressão.
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Quem quiser se expressar que escreva um livro, pinte um quadro, faça uma escultura.. Ou crie um blog, escreva cartas para os veículos de comunicação...
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Além disso, de acordo com advogada, o diploma de Jornalismo não de faz necessário, já que a profissão não exige especificidades técnicas. "O Jornalismo é uma atividade intelectual, desprovida de técnica específica. Exige-se, na verdade, técnicas de assimilação e difusão de informações, formação cultural, domínio do idioma, retidão de caráter, compromisso com a informação e com o público", disse.
O Sertesp defende, ainda, que a discussão pelo diploma é nada mais uma disputa entre a reserva de mercado e o interesse público.
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"Nos Estados Unidos, embora a maior parte dos profissionais tenha cursado o Jornalismo, o diploma não é exigido, assim como na Itália e Alemanha", finalizou Taís.
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Embora já soubesse que isso poderia acontece um dia, tinha a esperança de que na prática, isso nunca chegasse a acontecer.
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Quero meu dinheiro de volta! E estou vendendo o meu diploma pra quem quiser emoldurar.
Deixo a lista dos autores desse suicídio.
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Antes leiam um dos comentários mais coerentes sobre o assunto em http://trasel.com.br/blog/?p=22, link mandado pelo meu mano Bruno, tão indignado quanto eu.


P.S - Votaram contra a obrigatoriedade do diploma ,os Ministros:Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau e Carlos Ayres Britto, Cesar Peluso, Elen Gracie, Celso de Mello
A favor:
Marco Aurélio Mello, que se declarou uma pessoa de "alma irriquieta" e votou contrário ao relator, sustentando a necessidade do curso superior em Jornalismo como critério básico para o exercício da profissão.
Ausências
Dos 11 ministros, dois não compareceram: Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

O ponto G: cotas nas passarelas, sim! Boicote também e pq não? Chega de hipocrisia (parte I)



Eu adoro ser negro. Mas também poderia ser amarelo, pink, verde fluorescente, ou ainda mais preto! Ah, como eu queria ser azul, retinto, negão-noite, carvão mesmo, tipo Djimon Hounsou, Alek Wek ou Grace Jones.
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Apesar de sermos todos da mesma raça humana, adoro fazer parte de um povo, de uma etnia que valoriza a vida gregária, a alegria, o respeito aos ancestrais e seus antepassados; à natureza; que supera adversidades históricas com a dança, com a música; que dominou a Europa por séculos e séculos e não fez um terços das barbáries que os brancos fizeram quando invadiram outros continentes e dizimaram o diferente;
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Claro que o ser humano não é perfeito e nem seria uma cor a carimbar esta qualidade em quem quer que seja. A própria África se consome em guerras tribais sangrentas; verdadeiros holocaustos para os quais o ocidente faz vistas grossas enquanto não tem seus interesses envolvidos.
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Uma vez , ao entrevistar Seu Jorge, ele me disse que se as religiões afro-brasileiras tivessem se tornado as principais no Brasil, no mínimo saberíamos preservar mais a nossa natureza e teríamos mais respeito nas relações humanas, que não discriminam ninguém pela cor, sexo ou orientação sexual. Até aquele momento, não havia parado para pensar nesta situação hipotética.
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Apesar disso tudo, eu, assim como ele, amo a mistura racial e ecumênica deste país.
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Das minhas lembranças de negro quando pequeno, lembro que pensava em ter muitos filhos: um com uma branca, outro com uma negra, outro com uma oriental...Era quase uma experiência genética como a criança que envolve o feijão no chumaço de algodão para vê-lo germinar. Para ver o que vai surgir dali. Só sabia que todos eles seriam irmãos, fraternos, apesar das diferenças físicas que pudessem existir entre eles.
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Também recordo de adorar brincar de esconde-esconde. Sempre escolhia um lugar bem escuro, onde estático e de boca fechada, envolvido pelo breu e sem dentes à mostra, me sentia um verdadeiro homem invisível. Chega a ser engraçado agora!
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Das lembranças ruins, lembro de muitas pessoas maldosas e preconceituosas que ao me verem sozinho, desprotegido, faziam questão de me lembrar que não era filho legítimo do meu pai, um descendente de alemães, o que sempre foi algo lógico para mim e nunca escondido dentro de casa. Muitas vezes cheguei a desejar que a cor da minha pele fosse um macacão, uma segunda-pele. Que no dia seguinte, depois de dormir, iria removê-la, e embaixo dela estaria a minha cor de verdade, branca como a de meus pais e irmãos adotivos. Minha família me fortaleceu.
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Alek Wek, a modelo sudanesa apontada como padrao e referencia de beleza na virada dos anos 00 foi posta para escanteio. A boca pequena, em muitos desfiles e para muitos estilistas nacionais, negras assim so terao chances no mundo da moda com a imposicao legal das cotas






Cresci e nunca tive problema com a minha cor. Nem com a cor de fulano ou sicrano. Os outros (e na verdade são poucos os que se revelam) é que têm. Fosse da cor que fosse, só pediria para ter, desde pequeno, a mesma educação que tive em casa - um ambiente ítalo-germânico.
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Lá em casa, numa cidadezinha com menos de 18 mil habitantes, cor nunca foi problema; nem orientação sexual. Problema mesmo era a falta de palavra, de honestidade, de retidão de caráter, de valores cristãos...Meu pai sempre dizia: “sou bom, mas sou bravo!...”. Foi ele quem me ensinou que nunca se nega um prato de comida ou um copo de água a ninguém. Ninguém mesmo!!!!
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Custei a entender o que isso significava. Até que anteontem, uma amiga das antigas, lendo este blog, reproduziu uma frase de Vitor Hugo, de quem é fã e leitora voraz: “È fácil ser bom;difícil é ser justo”;
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Pois, assim como meu pai e o poeta francês, quero ser justo aqui neste espaço depois te ter lido as declarações da estilista Gloria Coelho (foto no alto) sobre cotas para modelos negros na moda que outra amiga negra,Marlene de Paula, enviou-me, indignada, por e-mail.
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Em matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, sobre a proposta do Ministério Público Federal de criar cotas para modelos negros na São Paulo Fasion Week, evento dos mais importantes de moda do país, Glória Coelho manifestou resistência à iniciativa: "Nosso trabalho é arte, algo que tem de dar emoção para o nosso grupo, para as pessoas que se identificam com a gente. (...) Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?".
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A repercussão desta matéria pode ser encontrada no link,
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3701321-EI6581,00.html
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Djimon Hounsou, modelo e ator, nigerrimo em propaganda de Calvin Klein. La fora ate rola campanhas assim. Dificil e ver a valorizacao negra aqui, no segundo maior pais de populacao negra fora da Africa. Precisaria de leis e cotas se todos tivessem consciencia e boa vontade?

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Ao fazer tais declarações, Gloria Coelho pode até achar que está sendo boa. Mas você realmente acredita que uma pessoa que pensa assim, é justa na vida real, aquela do dia-a-dia? E se não é assim diariamente porque seria diferente no seu métier profissional, seja em seu ateleier, na rua, na sua casa ou na São Paulo Fashion Week, evento do qual participa? Que tipo de relação tal pessoa se permite com os negros, com os nordestinos, com os pobres, com os excluídos ou seja lá com que “minoria” for???
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Difícil né?! Eu, honestamente, não acredito neste tipo de bondade nem de justiça. Ela até pode ser diplomática, mas jamais será justa porque tem um fantasma, o do preconceito, a assombrar-lhe os dias.
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Não pretendo mudar ninguém. Ela pode ser feliz assim. Também acho que Gloria Coleho, cuja grife que já foi só G, tem dois pontos favoráveis nisso tudo. Se falta consciência, pelo menos não faltou coragem para expressar o que muuuita gente pensa e não revela no mundinho fashion. Seja por ter medo de ser politicamente incorreto ou por poder ir parar na cadeia por preconceito, injúria , discriminação...
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Como Gloria Coelho diz, o público negro não é quem compra suas peças caríssimas. È verdade! Por isso Taís Araújo, negra, linda, rica, consciente, poderia optar por outras grifes que não tenham este tipo de postura. Camila Pitanga idem! Faço questão de cobrá-las aqui!
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Ai ai, fico me perguntando se Gloria Coelho também repetiria tudo o que disse diante de Naomi Campbell, que vem muito pro Brasil e é amiga de uma das prováveis clientes jet setter de GC, a milionária Ana Paula Junqueira. Gloria e Naomi já devem ter se cruzado em alguns eventos com certeza. Mas e aí? O que rola? Bondade...diplomacia..interesses...???
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O que se pode fazer, já que a situação é camuflada na maioria dos casos?
Acho que só as cotas já não resolvem. Não sou contra as cotas. Sou contra a eternização das cotas. Elas são emergenciais e, como a própria declaração desta estilista nos deixa ver, se não forem adotadas em tudo, não haverá mudança nem a curto ou médio prazo.
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Mais negros aqui e ali, pra que ne D. Gloria
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Devo ficar esperando que pessoas alinhadas com o pensamento de Glória em algum dia, do nada, ao sabor do vento, resolvam dar oportunidades a bel prazer? Não isso não acontecerá. Melhor o debate acalorado das cotas. Mesmo não sendo unanimidade, são efetivas.
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Acho também que boicotes e estardalhaços pacíficos, porém pontuais, também ajudam. Dá pra fazer sites, escrever para jornais e revistas, estampar camisetas, abrir faixas...é uma democracia! E vejo que há empresários e pessoas que além de não terem consciência alguma, so se sensibilizam no bolso e em mais nenhuma outra parte do corpo.
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A lógica de Glória vale para muitos mesmo. Afinal, pra que mudar alguma coisa, se o padrão de beleza é este mesmo, o das meninhas brancas, esquálidas, com impensáveis quadris 90? Pra que mais negras se tem uma Samira? Pra que mais orientais, se já tem uma Juliana Imai; pra que mais índias, se ainda tem Caroline Ribeiro? Né??!!
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Nunca quis que ninguém gostasse de mim pela minha cor. Não sou pantone; quem não enxerga o que sou, realmente não merece me ver; Também não vim ao mundo pra fazer amizades – estas eu escolho por afinidade. Mas o que jamais permito é que me discriminem (ou a outro na minha frente) devido a cor;
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Também exijo as mesmas oportunidades, mas nem sempre isso acontece; é uma batalha inglória até o fim dos meus dias tenho cereza.
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O mais cruel é saber que isso tudo é introjetado e perpassa gerações. O Brasil não olha pro próprio umbigo, não olha para sua História. A estilista Glória Coelho, por exemplo, prefere pesquisar a história medieval, de onde busca inspirações para criar suas coleções, a conhecer um pouco mais da História negra do país.
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Mineira de nascimento, com nariz, cabelo, tez e boca que não me deixam mentir, Gloria Coelho é negra sim. O triste é ver que ela não sabe!

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segunda-feira, 9 de março de 2009

História de um guerreiro de verdade para quem está pensando em desistir



Impressionante como o mundo gira. Nem parece que se passou mais de meia década desde que conheci o Garrido lá na Noir, agência de modelos negros e tipos que montei em parceria com outras sócias.
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Além de dar visibilidade e trabalhar na mídia a carreira dos diversos profissionais elencados, a Noir também foi pensada para ser uma espécie de QG de talentos negros. Um lugar para descobrir, amadurecer e divulgar gente interessante com histórias bem particulares, quase sempre de superação.
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Deu certo por um tempo. Desestimulado, acabei desistindo e enveredando por outros caminhos. Pena! Minha idéia era tê-la como uma vitrine permanente para os trabalhos de nós todos. But life must goes on...
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Ex-pugilista profissional, Garrido bateu à porta da agência na Pompéia depois de ler sobre a proposta e assistir nossas entrevistas. De idade insuspeita, porte atlético, simpático e extremamente falante, contou de seus projetos de maneira muito envolvente.
Fiquei atento a tudo porque, na época, também era mais idealista e apaixonado. Hoje sou muito mais hedonista e libertário.
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Amante do boxe e com uma vida pregressa de marginalidade que daria um livro, tudo o que Garrido queria era poder ensinar o esporte pra crianças carentes. Resgatá-las da exclusão que ele bem conhece. Também me apresentou seu filho, boxeur como o pai. Passei alguns contatos de jornalismo pra dupla, e me coloquei à disposição para ajudá-los no que fosse preciso. Conversamos mais algumas vezes, mas acabamos perdendo contato com o passar do tempo.
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Há alguns meses, assistindo a um programa de esportes na televisão aberta, vi Garrido apresentar a sua academia montada embaixo de um viaduto na Bela Vista. Vi os garotos carentes realmente empenhados em aprender, se aprimorar e fazer carreira no esporte que ele tanto ama.
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Sem patrocínio, os equipamentos improvisados davam dó: pneus, latas de tinta com areia fazendo as vezes de halteres, etc.etc. Um exemplo digno, que deveria ter o apoio de muitas empresas que se dizem envolvidas em questões socioeducativas. Enfim...
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A vida de Garrido, guerreiro dos bons, não deu livro mas virou filme. Minha amiga Simone Souza, cuja amizade remonta os dias de Noir, foi quem me contou. Maquiadora e cabeleireira de mão cheia (www.gotomake.blogspot.com), ela foi chamada pra assinar o make de um documentário sobre...o próprio Garrido - obra que surgiu da parceria da Movie Art com a TV Cultura.
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É uma série que deve estrear em breve na tevê e depois vai virar longa-metragem, direto pros cinemas.

Acima e no alto, Garrido durante as filmagens do documentário biográfico transformado em série para a Tv Cultura; em breve, a história do boxeador também vai virar longa-metragem
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Simone amou a história de vida do Garrido. E o styling deste senhor, que vai aparecer usando dreads imensos, que ela mesma colocou para uma das cenas de luta.
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“O que eu aprendi passando 3 semanas lá embaixo do viaduto? Uma coisa é dizer que dinheiro dá poder, outra, é você ver o respeito por uma pessoa que veio da rua . Ele passa para os outros a importância da solidariedade; de ter responsabilidade
com suas coisas; que cada um deve respeito ao outro... independente da classe
o tratamento tem que ser igual”, ela me contou emocionada. “Foi a melhor experiência que tive depois de ter trabalhado em Antonia”.

Simone, a responsável por estas fotos, pela maquiagem e pelos dreads e tranças que deram ainda mais style ao estiloso Garrido


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A trajetória deste senhor me confronta com minhas fragilidades e indecisões. Talvez por ser mais calejado pela vida, já estar mais acostumado a bater e a ser socado, a cair e levantar no ringue cotidiano, Garrido aprendeu a enfrentar de frente as adversidades; não foge à luta.
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Ele também me fez voltar no tempo (sem lamentações nem ressentimentos) e ver através do seu exemplo que não existe sucesso sem persistência. È pouco o que sei sobre este cara vitorioso. E por isso mesmo não quero perder um capítulo da série.

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Branco total e imaculado




Vinha pensando em substituir as molduras pretas de alguns quadros da casa por outras;
É uma maneira prática de mudar a decoração de maneira rápida e nem tão dispendiosa
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Nos meus planos, pretendo passar para as mãos de uma artista plástica e ilustradora, minha vizinha Mariza, uma foto p&b de uma tribo africana.
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Quero que ela faça interferências com tintas flúor: verde-limão, pink, azul-carbono ou turquesa, amarelo-limão...
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Se fosse moda, daria a missão para Dudu Bertholini e Rita Comparato, os dois da Néon, marca de colorido e estamparia incríveis.
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A idéia me ocorreu depois de assistir o clipe sensacional de “Love Lockdown”, do rapper Kanye West (http://www.youtube.com/watch?v=JXUzuk_wd0k&feature=related). Achei absurdas as imagens; impactantes, modernas e muito sexy.
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Tudo a ver com a batida tribal da música. E com o meu mood atual.
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Para a moldura, havia pensado em algo branco; um quadro com ou sem passepartout, ainda não sei.
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Minha surpresa, ontem quando cheguei no lançamento da holandesa Droog no Brasil, foi ver as paredes da loja da Decameron na Vila Madalena tomadas por molduras brancas. E imagens coloridas, quase monocromáticas ou reveladas no clássico branco e preto;
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Claro que a parede cinza, que serviu de pano de fundo, ajudou a realçar ainda mais as molduras (de todos os tipos, formas e tamanhos, dispostos na área) e imagens.
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Ficou tão bacana que resolvi compartilhar com quem gosta de fotografia, mas muitas vezes não sabe como melhor aproveitá-las na decoração.

No showroom da Decameron, na Vila Madalena, sugestões variadas de molduras brancas coordenadas à mobília 2009,
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Tava tudo bacana! As peças da Droog são realmente muito bacanas. Propõe o design de maneira alegre e jovial, quase lúdica. Basta ver a luminária feita a partir de garrafas de leite (que já havia visto na Maison et Objet, em setembro); o tapete/pantufa, pra quem sai do box do banheiro e deixa tudo molhado ao redor; os adesivos de moldura; os extensores elásticos que , uma vez fixados na parede,prendem tudo: tênis, livros, roupas; a luminária-arandela-escotilha, com gel colorido para mudar a cor dos ambientes; luminária espermatozóide, etc. Tudo muitolindo.
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A Decameron também apresentou sua nova linha de estofados e móveis 2009.
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Tudo lindo. Mesa de cento da No Design e cadeiras com design de Amélia Tarozzo entram rapidamente na lista de favoritos de quem curte design.

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A fada verde do absinto agora também é sinônimo de luxo no mundo da perfumaria



É isso mesmo...Os dândis e românticos diziam que havia uma fada verde dentro do absinto, bebida das mais emblemáticas e mistério dos mais sedutores em todos os tempos.
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Criada em 1792 pelo médico francês radicado na suíça, Pierre Ordinaire, a bebida foi proposta inicialmente como o elixir do bem estar, da cura. Sua fórmula mistura óleo essencial da planta Absinto com mais 15 ervas, tudo dissolvido em alcool 70%.
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Em 1805, o Absinto perdeu seu caráter medicinal e ganhou o status de "bebida nacional" franco-suíça.
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Mais do que uma bebida forte, o absinto é alucinógeno. Seu princípio ativo é uma neurotoxina chamada de "Thujone". Acrescente a considerável quantidade de clorofila presente na planta e chega-se ao poético apelido de "Fada Verde".
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Nas mãos dos artistas da Belle Epoque, o absinto se tornou , entre outras coisas, fonte de inspiração criativa para escritores, pintores, poetas, escultores...
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Onze entre dez artistas, gênios e loucos do início do século 19 eram amantes da tal fada. Figuras como Verlaine, Van Gogh, Picasso e Hemingway, sentavam-se à mesa de cafés para bebê-lo.
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O ritual era o mesmo: Um pouco de água gelada derramada sobre uma colher perfurada, onde se encontrava um torrão de açúcar, que se derretia e ia parar dentro do copo de Absinto.
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Pronto, assim começava o caso de amor com a tal "fada verde", metáfora para a viagem extrasensorial causada por essa poção tentadora, hipnotizante, misteriosa, irresistível e que pode ser até fatal.
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Tempos depois o Absinto foi proibido quase em todo mundo. Recentemente seu consumo foi novamente liberado no Brasil. Mas cuidado: além de ser uma das bebidas com maior teor alcoólico, a produção em larga escala parou há muito tempo; o preparo é praticamente artesanal.
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Hoje, o Absinto pode ser comprado até em supermercados. Mas seu teor alcóolico está bem mais baixo, perto dos 53%.
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De Portugal, vem boa parte da bebida. Mas,o produzido por pequenos cafés da República Tcheca estão entre os melhores. Só não esqueça: o óleo essencial de Absinto é extremamente tóxico e não pode ser consumido em hipótese alguma.
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Filmes como "Moulin Rouge", "Do Inferno" e "Drácula, de Bram Stoker", mostram o uso do absinto.
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Em "Moulin Rouge", a pop star Kylie Minogue encarna a sexy fada verde que você na imagem do alto. Em "Do Inferno", Jhonny Depp é usuário.

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Pois bem, foi justamente nesta bebida que o estilista francês, Christian Lacroix, foi buscar inspiração para o novo perfume da Avon, Absynthe.
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Da família oriental,traz extrato de absinto, frésia dourada, orquídea branca, anis verde nas notas de saída.O corpo é floral com labdanum, açafrão, flor de davana e néctar do narciso. O fundo tem madeira, musk, mirra,oliveira e âmbar. O resultado é intrigante





As versões feminina e masculina do perfume Absynthe, da Avon, criado por Christian Lacroix inspirado na bebida misteriosa
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A segunda coisa a saber: a fada verde não é de um verde qualquer. O verde correto, em sua definição mais precisa, chama-se chartreuse.
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Nunca ouviu falar? Então faça como eu e aprenda com quem sabe.
Segundo Lacroix, chartreuse é o resultado da combinação de 50% de pigmentos amarelos com outros 50% verdes.É o tom de algumas pedras preciosas como o citrino e o topázio.
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Segundo a divulgação, esta é a cor mais visível ao olho humano;é cativante, excita os sentidos, remete à fantasia e ao escapismo.
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Atenção na pronúncia porque o charteuse deve dar o que falar por mais algumas temporadas. Empolgou no recente desfile de John Galliano e foi a cor escolhida por Michelle Obama para o vestido da posse do marido-presidente, Barack.
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De volta ao mundo da perfumaria. Absynthe, o perfume da Avon é realmente exótico. E, segundo a estratégia de marketing da empresa, sela a entrada da marca no segmento luxo.
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A eau de parfum Absynthe, com 50 ml, custará r$ 80. Preço bem honesto.
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A Avon já tem perfumes de Emanuel Ungaro, e Rouge e Noir - estes dois últimos também com assinatura de Lacroix.
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A versão masculina será lançada até junho. A feminina chega antes, em março, como opção de presente para o Dia das Mães;
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Mas bonita mesmo é a campanha publicitária, gravada numa mansão de Los Angeles, com os modelos Rômulo Pires e Vlada Roslyakova, a beldade ruiva que agora encarna a tal "fada verde". Em breve começará a rodar entre um break e outro.
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O vestido, que vai se liquefazendo aos poucos, é do próprio Lacroix e foi trazido para o lançamento brasileiro que aconteceu no Jóckey de São Paulo.
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A última boa notícia é que Christian Lacroix vai ganhar retrospectiva de seu trabalho com a exposição "Christian Dior, um costureiro, um criador" na FAAP, de 23 de agosto a 1o. de novembro.




Christian Lacroix, autor do croquis acima e dos perfumes da Avon; admirador confesso do absinto:"sua cor rica e mística me faz lembrar do citrino e do topázio; a fada verde ainda hoje é um dos mais sedutores mistérios do mundo". Em agosto, o mestre francês ganha homenagem na Faap, em São Paulo


Acima, a primeira-dama norte-americana, Michelle Obama em look verde chartreuse, cor que cativa e excita mas também remete à fantasia e ao escapismo

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A homenagem faz parte da programação do Ano da França no Brasil. E vale uma frase do mestre que passa longe do minimalismo: "Eu sou sim coerente com a minha moda; sempre tratei dela como um grande espetáculo"

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Saramago me ensinou a deixar a vida me levar


Começo dezembro falando de novembro, o mês que meu computer entrou em pane e o mundo quase entra em colapso com essa crise econômica sem precedentes na história. Tem ainda a tragédia de Santa Catarina (estado que adooooro), embaixo d´água, e o mundo caminhando pro precipício...
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Aí sobrou mais tempo pra outras coisas. Incentivado por minha irmã (fã de carteirinha), fui, por exemplo, ao lançamento mundial do mais recente livro de José Saramago, a Viagem do Elefante (Cia. das Letras), R$ 46, no Sesc Pinheiros no último dia 27.
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Com o próprio escritor presente no auditório Paulo Autran e a leitura de trecho da obra feita pela atriz Sandra Corvelloni, o evento se tornou um daqueles momentos especiais que ficarão para sempre na memória.
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E que um dia, depois de passarem-se os anos, poderei contar para amigos mais chegados, como um daqueles causos que fazem toda diferença na vida.
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Todos dizem, inclusive ele próprio, que "A viagem do elefante" é o livro mais jovem de Saramago. Não dá para classificá-lo como conto ou romance. Já comecei a ler, e estou adorando...Depois conto mais.
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Aos 86 anos, Saramago é impressionante.Acabou de superar uma doença gravíssima, que lhe retirou 16 quilos - "já recuperados" - e quase lhe apresentou à morte.
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Mas não espere nada disso em uma linha sequer do livro. A pegada é outra, alegre e reflexiva...
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Saramago se confessou melancólico e reservado. Confirmou também que nunca foi ambicioso, foi deixando a vida lhe levar...E o neto de avós incultos chegou longe, vai se tornar imoortal.
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Mora hoje nas Ilhas Canárias, de onde sai mundo afora carregado pela literatura.
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Aos 63 anos conheceu sua segunda e atual esposa, Pillar del Rio, na época, com 36.
Falante, calmo, envolvente, também se mostrou romântico incurável ao declarar publicamente seu amor pela companheira. "Se não tivesse conhecido Pillar, não tenho dúvidas que teria morrido muito mais velho do que sou hoje..."
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"Passei 20 anos sem escrever um livro porque não tinha nada a dizer", disse."Não sou contra a escrita, se esta é a forma que as pessoas escolheram pra se expressarem...Mas, sinceramente, acho que já temos demasiados livros publicados...
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Sensível, o escritor também acha que o mundo e as pessoas perderam os valores mais básicos.
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"Todo mundo quer ter fortunas, aparecer em revistas de clebridades, sem responder como ou o que fez para chegar lá...",atestou.
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Saramago fez uma pausa e lembrou ainda de uma pergunta que lhe fizeram há pouco tempo: O que falta a alguém como o senhor, um escritor famoso,que vive do seu trabalho, reconhecido internacionalmente,prêmio Nobel de literatur? "Gostaria de ter mais tempo...e vida", arrematou o Saramago visivelmente emocionado.
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Se eu ultrapassar as oito décadas, já tenho meu espelho. Quero chegar lá, assim...

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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Novembro de 2008, um mês pra ficar na História. Vou torcer por Obama e Hamilton



Bem, começo escrevendo no primeiro dia de novembro de 2008. Logo mais, no próximo dia 20, feriado nacional, vamos comemorar mais um Dia da Consciência Negra.
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E, se as pesquisas e expectativas não falharem, tudo indica que , outros dois nomes serão incluídos nos discurssos e celebrações espalhadas pela cidade;
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Apesar de simpatizar com Barack Obama (e muito mais com Michelle, sua esposa) evitei comentar as eleições norte-americanas mais extraordinárias de todos os tempos aqui no blog.
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Chamo atenção agora para outra efeméride, além do sufrágio da América e das comemorações em torno de Zumbi dos Palmares. A data especial poderá ser amanhã domingo,um dia para entrar para a História bem debaixo de nosso nariz.
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Me refiro a Lewis Hamilton, o único piloto-negro no circo da Fórmula 1, correndo pelo título de 2008 em Interlagos. Apesar de muuuuito brasileiro, minha torcida será para ele.
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Além de estar a alguns pontos à frente de Felipe Massa, Hamilton amargou um doloroso vice-campeonato em 2007.
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Se se confirmarem as probabilidades, novembro de 2008 terá o primeiro piloto negro campeão mundial de Fórmula 1 e o primeiro presidente negro da maior potência do mundo, ainda que em decadência;
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Na busca por uma sociedade mais igualitária, é importante a quebra de paradigmas. Venham de onde vierem.
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É um primeiro passo, importante, imagético, iconográfico. Obviamente que só a questão racial não diz nada se não houver também princípios elevados.
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Obama não está na frente porque só a maioria dos negros americanos é racista e optou por um candidato igual. Aliás, os negros representam apenas 12% do povo americano.
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Obama tem tudo para vencer e chegar lá (apesar de já terem ocorrido 4 ameaças de morte ao candidato)porque tem as melhores propostas para os americanos brancos, negros, índios...
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Na F1, o inglês, Hamilton, conseguiu uma vantagem de 7 pontos sobre Massa. O ringue dos motores é mais refinado e exclusivo, mas vive o mesmo dilema. Por isso torço para que ele ganhe no domingo. Massa pode esperar;
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É hora de quebra de paradigmas, porque, sim, nós todos precisamos de mudanças
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Confirmados, Hamilton e Obama, arrisco a dizer, serão um choque para a maioria.
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Um não, dois.
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Só não seriam maiores se o Vaticano resolvesse ter um Papa Negro.
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Na velocidade que as coisas andam, um dia,não muito longínquo, quem sabe?!!

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