quarta-feira, 21 de maio de 2008

Festa para os 100 anos de imigração japonesa. E quem se lembra dos 120 da abolição da escravatura no Brasil?


No finalzinho do ano passado, minha amiga Marisa Moura me alertou para o fato de que com as comemorações de um século da chegada dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil, pouco se falaria e faria pelos 120 anos de abolição da escravatura negra no Brasil.
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Dito e feito. Negra, professora aposentada e agora estilista, focada na confecção de peças e acessórios da cultura negra, Marisa é também uma pessoa superencajada. Tá sempre fazendo coisas bacanas, sabe das novidades que rolam na comunidade e, mais do que isso, tem interesse em tudo que fomente o desenvolvimento social da comunidade negra.
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Foi num misto de tristeza com euforia que ela me falou, por exemplo, que o Cone, braço da prefeitura pra atender a comunidade negra de SP, havia aberto inscrições para projetos que colocassem em destaque a cultura negra e as comemorações de 120 anos.
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Responsável por lindas peças afro e acessórios igualmente bacanas, ela própria desenvolveu um projeto para a execução de desfile black e se inscreveu. Torço para que consiga patrocínio. O motivo da tristeza foi a pouca divulgação da abertura das inscrições, encerradas no mês passado.
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“É quase sempre assim...Formam-se panelinhas, ninguém fica sabendo de nada e isso só favorece a cultura não-negra”, diz. “Ninguém no Brasil pode falar que não sabe que estamos comemorando 100 anos de imigração japonesa. Tá bombando em todos os lugares.
E os brasileiros de ascendência oriental estão cuidando de tudo em toda a cidade. Chegaram a montar uma associação só para tomar conta dos festejos de 100 anos”
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“Admiro essa organização. Isso é responsabilidade, foco e valorização da cultura que infelizmente não temos. Os 120 anos tem vários eventos, mas quem fica sabendo???”
Quer dizer então que a responsabilidade é da mídia? Para Mauro, outro motorista negro com quem trabalho, a Rede Globo está dando uma forcinha a mais para a festividade.
“Já não aguento mais; toda hora tem alguma coisa sobre os festejos”, me confessou ontem.
“Também não agüento essa coisa de Dia da Consciência negra. Nos dão um feriado, colocam um monte de gente pra tocar samba e acabou...Ou então colocam os Racionais MCs pra cantar no Centro da cracolândia. Resultado: enche de ladrão e viciados e tudo vira um barril de pólvora...”.
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“Se realmente tratassem como cultura, teriam reservado o Parque do Ibirapuera, o Villa Lobos, o Teatro Municipal...A Virada Cultural também é assim. Apesar das boas intenções, o Centro vira uma muvuca e a cidade fica livre para os bacanas saírem por aí à vontade”
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Apesar desta visão, Mauro não se convence da necessidade da implantação do sistema de cotas na educação. Mas tem posições bem claras sobre a questão racial. Gostei das observações.
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No sábado, antes de sair pro rolê, tava zapeando a televisão. Aí parei no programa do Amaury Jr para assistir a Miss Centenário da Imigração Japonesa. Venceu a paulista de Mogi das Cruzes, Karina Eiko (nas fotos feitas pelo fotógrafo Marco Ribas;sozinha acima, e ladeada pelas demais finalistas, abaixo). Linda mesmo!!


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Sou meio suspeito pras avaliações. Adoro sushi e sahimi. Cresci assistindo filmes de Bruce Lee e seu kung fu imbatível no único cinema da minha cidade – que até hoje não tem nenhum oriental morando por lá.
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Adoro ikebana, artes marciais, mangá (e as animações eróticas japonesas tb), budismo... Aprendi muito com minha amiga Emily Tomada, que aliás, está meio distante. Também mantenho relacionamentos profissionais com bastante orientais.
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Sei que, assim como a África, a Ásia não é uma coisa só.
Mas posso dizer que gosto de muuuitos aspectos da cultura oriental.
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Apesar da produção fraca do figurino, as candidatas brasileiras no porgrama do Amury Jr. eram lindas. Um júri escolheu cinco candidatas que iriam à final no Ginásio do Ibirapuera. A vencedora é linda mesmo.

“Nem na mídia a gente consegue tanta divulgação. Claro que existe preconceito, mas também acho que é porque as pessoas não vão atrás. Falta pra nós mais organização e, apesar das diferenças que possam existir, precisamos nos cercar de bons profissionais para que possamos crescer”, sentencia Marisa.

E tem mais. Ontem fiquei sabendo que o tema da SPFW, que já tem line up e tudo o mais, será ...tchan, tchan, tchan....o Japão.

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1 Comentários:

Blogger Marta De Divitiis disse...

Tem razão o Mauro...

22 de maio de 2008 às 11:29  

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